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A importância do autogerenciamento no trabalho


Autogerenciamento é a habilidade de gerenciar nossa experiência interna – pensamentos, emoções, percepções. É um dos componentes da Inteligência Emocional e afeta fortemente o desempenho profissional na Era do Conhecimento.

## Imagine que um observador passa o dia de olho em você, acompanhando tudo o que faz. Presencia suas reuniões, escuta conversas no telefone, lê emails, checa minuciosamente seus relatórios, testemunha seus momentos de silêncio e reflexão. Porém, há muito mais coisas acontecendo além do que se pode observar do seu “lado de fora”. Interiormente, você é um caleidoscópio de percepções, emoções e motivações – e a forma como tudo isso interage impacta seu desempenho no trabalho.

Essa combinação de fenômenos subjetivos é o que Jeremy Hunter chama de “experiência interna” do indivíduo e considera como fator crítico para a produtividade na atual Era do Conhecimento.

Professor associado da Peter Drucker School of Management, Hunter observa que muito tem sido feito para gerar ganhos de produtividade por meio de melhorias dos processos, da estrutura organizacional, das tecnologias ou ambiente de trabalho. “Porém, se o grande ativo da economia é aquilo que reside entre as orelhas do trabalhador do conhecimento, como dizia Drucker, talvez a chave para tornar os profissionais mais produtivos esteja no interior deles”.

Retrato da realidade

Uma amostra de como a “experiência interna” de um indivíduo afeta o desempenho observável “do lado de fora” está no trabalho destes dois psicólogos organizacionais americanos. Teresa Amabile e Steven J. Kramer realizaram uma minuciosa pesquisa com 26 equipes de projeto em sete organizações, envolvendo ao todo 238 profissionais. Ao longo de meses, os participantes tomaram notas diárias sobre situações vivenciadas no trabalho, suas interpretações e reações a esses eventos e como tudo isso influenciou seu desempenho no dia a dia.

Em um artigo publicado na Harvard Business Review, Amabile e Kramer contam sobre seu estudo e explicam quais são os componentes da experiência interna (que eles chamam de vida interior no trabalho):

  • Percepções pessoais, desde as impressões imediatas até as mais bem desenvolvidas teorias sobre o que está acontecendo e o que isso significa;

  • Emoções, sejam reações bem definidas como a euforia por um sucesso ou a raiva ante um obstáculo, sejam estados de espírito abrangentes como bom e mau humor;

  • Motivações, a compreensão do que precisa ser feito e o impulso para fazê-lo em determinado momento.

Os autores da pesquisa analisaram cerca de 12 mil relatos e observaram como a experiência interna das pessoas influenciou seu desempenho nas dimensões criatividade, produtividade, engajamento e coleguismo. A constatação foi que nos dias em que as pessoas relataram percepções e emoções positivas, foram mais criativas, produziram melhor, demonstraram maior engajamento e espírito de equipe. O inverso também é verdadeiro: nos dias em que relataram emoções e percepções negativas, as pessoas deram indícios claros de estar menos criativas, produtivas, engajadas no trabalho e envolvidas com seus pares.

O imperativo do autogerenciamento

Talvez uma incômoda pergunta esteja agora martelando sua cabeça: se o ambiente corporativo é frequentemente turbulento e estressante, predispondo-nos a uma experiência interna de percepções e emoções negativas, estaremos nós condenados a uma performance abaixo da que seríamos capazes de ter?

Jeremy Hunter joga um pouco mais de lenha na fogueira das suas indagações. “Como o trabalhador do conhecimento usa a atenção para focar e engajar-se no trabalho? Como uma mentalidade rígida e julgadora pode mudar para permitir a abertura, o aprendizado e a transformação que são o coração da inovação e da solução de problemas? Como as reações emocionais negativas afetam os processos e corróem a moral de um grupo de trabalho?”

Mas há uma saída para essa sinuca, na visão de Hunter: autogerenciamento. “Se entendemos que nossos estados internos afetam o comportamento, então o desafio da produtividade consiste em lidarmos efetivamente com esses estados e os melhorarmos. A prática do autogerenciamento permite ao profissional jogar uma luz em sua ‘caixa preta interior’, iluminar seus processos internos e transformá-los para aumentar sua efetividade (no trabalho).”

Para desenvolver os métodos que hoje ensina em seus programas de desenvolvimento de executivos, Hunter começou entrevistando profissionais de carreiras bem-sucedidas em organizações ou como autônomos em diversas áreas de atuação. Invariavelmente, conta ele, eram pessoas abertas, calmas e atentas, o oposto do estereótipo do workaholic de sucesso ligado no 220 e estressado.

Outro traço comum entre os entrevistados era que todos tinham alguma prática de autogerenciamento, notadamente o mindfulness, treino de focalização da atenção validado pela Neurociência para a autopercepção e autorregulação emocional. Hunter discorre em detalhes como a prática de mindfulness favorece o desempenho dos profissionais em um livro comemorativo do centenário de nascimento de Peter Drucker.

Conselho do mestre

Se lhe parece verossímil que a experiência interna de um profissional afete sua performance, comece a observar como isso funciona em você. E caso chegue à conclusão de que é o momento de investir em autogerenciamento, mindfulness é realmente uma opção. Não por acaso, a prática é bastante popular em organizações que simbolizam a Era do Conhecimento, como Google, Apple, Intel ou LinkedIn, entre tantas outras.

“Mais e mais pessoas da força de trabalho – e principalmente os trabalhadores do conhecimento – terão de gerenciar a si mesmos”, anteviu Drucker em Desafios Gerenciais para o Século 21, livro publicado em 1999. O passar dos anos só tem corroborado a tese desse grande pensador. Quanto antes você aceitar os conselhos dele, melhor.

Ajudar você a gerenciar sua experiência interna é o propósito do Programa Você Mais Centrado. Clique aqui para saber como!

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