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Três hábitos que otimizam a assimilação de informações


Nosso cérebro está constantemente reorganizando seus arquivos e assim abre espaço para novas conexões neuronais. Saiba como fazer esse processo funcionar a seu favor, cultivando três hábitos

## Você se lembra do que almoçou cinco dias atrás? Lembra do valor de suas últimas três compras? Recorda de todos os e-mails que leu ou de todas pessoas que encontrou ontem?

Não se espera que você saiba essas respostas. Nem tudo que lemos, vemos, ouvimos ou vivemos fica registrado no cérebro. Se ficasse, haja massa cinzenta para dar conta do recado!

Além de ser muito seletivo com relação tipo de informações que armazena, o cérebro está constantemente reorganizando seus arquivos. Todos os dias, ele desfaz conexões neuronais ou sinapses pouco usadas, criando assim espaço para conexões novas e, consequentemente, para a assimilação de novas informações. Porque aquela história de que não usamos nem 10% de nossa capacidade cerebral, que você ouviu um dia, caiu por terra. A neurociência sabe hoje que usamos perto de 100% da capacidade, então o cérebro trata de aproveitar muito bem seus recursos.

Entenda o mecanismo

“Poda sináptica” (synaptic pruning) é o mecanismo de destruição de sinapses pouco usadas, abrindo espaço para a criação de novas conexões, para que possamos aprender por toda a vida.

Uma vez que a neurociência usa o termo “poda”, é irresistível a comparação do cérebro com um jardim... E o que mantém esse jardim são as células gliais ou neuróglios, dez vezes mais numerosos que os neurônios.

Há um tipo de neuróglios que trabalha na adubação do jardim, tornando mais robustas e rápidas as conexões entre neurônios. As informações, lembranças e conhecimentos representados por essas sinapses são consolidados; isso permite que nos recordemos mais facilmente deles.

Um outro tipo de neuróglios trabalha na poda do jardim, desfazendo sinapses pouco usadas, Neurocientistas descobriram que sinapses dessa categoria são marcadas por uma proteína, que sinaliza aos neuróglios aquilo que pode ser podado.

A jardinagem cerebral acontece durante o sono. Vem daí que o primeiro hábito para otimizar nossa capacidade de assimilar informações é:

1. Dormir o suficiente

Se um jardineiro precisa de X horas para manter um jardim bem cuidado, mas só tem 70% ou 60% desse tempo – ou menos –, o que acontece com o jardim? Em pouco tempo, surge mato em alguns canteiros, outros ficam mirrados por não receber adubação, folhas e galhos secos se acumulam em algum lugar.

É mais ou menos o que acontece com o cérebro quando rotineiramente privado do necessário tempo de sono. Sinapses pouco importantes que não foram podadas entulham o campo mental, diminuindo o espaço para novas conexões. Repleto de informação pouco útil, o cérebro tem mais trabalho para recuperar a informação importante.

Há quem se gabe de dormir quatro horas por noite e garante que se sente disposto e produtivo no resto do dia. Então tá... Fico imaginando como seria se a pessoa tivesse de seis a oito horas de sono, que é em média do que um adulto precisa. Talvez descobrisse que seu desempenho mental melhora. Próximo hábito:

2. Ocupar o campo mental com o que importa

Aquilo em que mais pensamos durante o dia determinará o que os neuróglios irão adubar durante a noite. Em certa medida, escolhemos quais conteúdos serão preservados e quais são candidatos ao descarte pelo cérebro.

Para exercer esse poder de escolha, precisamos ter consciência do que pensamos, uma faculdade que a neurociência chama de metaconsciência. E embora seja inerente ao ser humano, em geral pouco a usamos. Os pensamentos surgem espontaneamente, um puxando o outro, como uma torrente sem começo nem fim... E quem é que fica observando o que lhe passa pela cabeça, não é?

Você tem ideia dos conteúdos que ocupam seu campo mental? Se parasse para observá-los, o que encontraria? Aquilo em que mais pensa se consolida em seu cérebro; então, ocupe ao máximo seu campo mental com o que é mais importante para você!

Ao observar o que pensamos, encontramos muitas coisas que não queremos pensar: memes, preocupações, lembranças desagradáveis, conteúdos que não agregam nada... A boa notícia é que podemos destinar esses conteúdos para o descarte, deixando de pensar neles. Aos poucos, vão caindo em desuso, até ser completamente podados pelos neuróglios.

A faculdade da metaconsciência, juntamente com a habilidade de deixar ir os pensamentos que não queremos ter, são desenvolvidas com a prática de mindfulness. A prática também aprimora uma capacidade que tem a ver com o terceiro hábito, que é:

3. Prestar atenção ao que importa

Se você quer assimilar informações, preste atenção nelas. Seu nível da atenção sinaliza ao cérebro que aquilo é importante e deve ser adubado.

Na teoria, isso é uma obviedade, mas na prática, chega a ser uma raridade. Nesses tempos corridos, em que procuramos ganhar tempo fazendo duas ou mais atividades simultaneamente, é comum dividirmos a atenção, por exemplo, entre uma conversa ao telefone e a realização de alguma tarefa no computador, entre a presença na reunião e a digitação de mensagens no celular. Será que dá para registrar tudo que ouvimos na conversa e na reunião? Claro que não. Mas se você estiver em dúvida quanto a isso, tudo bem, convido-o a ler um artigo sobre os prejuízos cognitivos da multitarefa.

Estar integralmente atento a uma só coisa, além de parecer “improdutivo”, chega a ser difícil quando o cérebro já se habituou a alternar o foco constantemente, na tentativa de acompanhar tudo que acontece ao redor. Mas quando colocamos atenção em algo pra valer, que diferença faz!

Um participante de meu programa de mindfulness, publicitário, passou a acompanhar com máxima atenção as reuniões para a discussão de campanhas, sem mexer com o celular, sem nem mesmo fazer anotações para não se distrair. Só ao final do encontro toma alguns apontamentos. Ele conta que as informações importantes da reunião ficam mais vivas na mente e todo trabalho posterior com elas transcorre mais rápido.

Em resumo, e para facilitar a assimilação das informações deste artigo:

  • Seu cérebro consolida conexões neuronais que você usa mais e desfaz as que usa menos.

  • Durma o suficiente para que esse processo aconteça.

  • Ocupe seu campo mental com o que realmente importa.

  • Preste atenção ao que quiser assimilar.

Quanto mais aprendo sobre o cérebro, mais me encanto com a perfeição dessa magnífica máquina, projetada para ter o máximo de desempenho com o mínimo de energia. É só entendermos e colaborarmos com a nossa natureza e tudo fica mais simples.

Melhor gerenciamento da atenção é um dos benefícios da prática de mindfulness, base do Programa Você Mais Centrado. Clique aqui para saber mais.

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